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Foto: https://www.congressoeducacaodofuturo.com/

 

REGIS DE MORAIS

( São Paulo – Brasil )

 

JOÃO FRANCISCO REGIS DE MORAIS nasceu em 1940, na cidade de Passa Quatro (Estação de Águas), sul de Minas Gerais...

Regis de Morais é livre-docente e doutor em Filosofia da Educação pela Unicamp. Filósofo e sociólogo. Professor titular aposentado da Unicamp. Pela Contexto é autor do livro Magistratura e Ética.

 

 

ÂNGULO NO. 19 – cadernos das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila/FATEA. Lorena, SP: jul. 1983 – ISSN 0101 -191 X            Ex. bibl. Antonio Miranda

 

O CAMINHO DOS VENTOS

[texto organizado por Severino Antonio:]

 

       A sensualidade apresentando-se como revelação do
contato entre o divino e as coisas:
"Meu jeito sexual
de olhar as rosas
é a imagem de Deus
lambendo o mundo"

Revelação do divino em nós mesmos:
"Primeiro orgasmo
colado a uma pele lisa
e eu tinha onze anos.
A custo abandonei
o acesso de divindade".

       Ainda que a culpa — são dois mil anos de cristianismo
desfigurado pelo dualismo platônico — esteja presente:
"Puno-me ainda
por ter sido um deus
por seis segundos".
Num outro momento, Regis supera todos os desertos
das metafísicas, os desertos das ideias abstratas:
"antes do pensamento vem o sangue
a coxa macia e o pão que exorciza
vem a erva do mundo o quente das bocas
antes do pensamento".
Também está presente na pessoa de Regis, a consciência da tragédia de nossa condição:
"Coisa de homens. No entanto
somos bichos acuados
ou nem bichos — somos sombras
da história de um mundo morto".
Mas isso não acaba com as possibilidade de existência
— a vida é mais forte — e da expressão. A força, a intensidade deste auto-retrato-resistência:
"mas não há força que invente
meu não-ser, enquanto eu for.
Preciso saber de mim
e me dizer as palavras".
Nem significa fechar-se às corrente que fabricam e anunciam a vida futura:
"as andorinhas de domingo
agitam minha janela
e seguem para o futuro".
Mesmo que a solidão nos marque para sempre.
Como no fragmento:
conquisto minha janela
com a dignidade lenta dos navios.
E a solidão espreita no tinteiro".
Neste outro fragmento, uma das revelações mais
intensas, mais encantadas, do escondido, do não-falado,
dos continentes que pulsam em segredo:
Minha janela escancarada
no prodígio de mostrar o mundo
em formas
cores
esconde em sons
o além do além, onde guardei
todos os meus amores".
O tema da fragilidade do poema, num fragmento que
me acompanha desde o lançamento do primeiro livro do
Regis, Cotidiano, aqui mesmo nesta Faculdade, faz quase
treze anos:
"É pouco o que de precisão
para enterrar uma cantiga:
uma vala na pele do mundo".
E a necessidade de transformar a Terra. Libertar a vida. Utopia necessária — e possível. Luta que vai ama-
durecendo, cada dia:
"E sem nada apressar
nos aprontamos para o dia escolhido
em que traremos os braços dos patrões
pro eito
(nem que custe um pedaço dos nossos filhos)".
Na verdade, todos estes fragmentos me parecem textos inteiros. Com vida própria. E em seu último livro
"O Caminho dos Ventos", Regis assume diretamente a
atitude de escrever poemas curtos, condensados, quase
haicais. Apresenta uma série de onze textos, chamada
"Fragment/Ária".
Vamos ler um deles o de número nove:
"Cá desta poltrona
seguro a noite pelos punhos
quando a insônia me dá vida
para cinco vidas.
Tenho medo. Há — dizem —
os que morrem de abalos pestes acidentes,
e o os que morrem
de tanto viver".
Ao memo tempo em mantém liberdade — necessária — de escrever poemas longos, e até mesmo discursos,
parece-me que Regis está iniciando, com os fragmentos,
uma outra idade em sua produção poética — agora mais
forte, mais simples, mais madura. É o que espero, como
leitor, como amigo e companheiro de viagem de sua poesia.                            
Lorena, Cachoeira, agosto de 1983.

 

 

ÂNGULO NO. 19 – cadernos das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila/FATEA.
Lorena, SP: jul. 1983         Ex. bibl. de Antonio Miranda

 

Os fragmentos de poemas de REGIS DE MORAIS foram compilados por Severino Antonio
com parte do texto “ALGUNS TEMA DA POESIA de REGIS DE MORAIS” publicado na revista ÂNGULO 19:  [O autor é professor da FATEA – Lorena.]


papirus

         A sensualidade apresentando-se como revelação do
contato entre o divino e as coisas:
“Meu jeito sexual
de olhar as rosas
é a imagem de Deus
lambendo o mundo”
Revelação do divino em nós mesmos
“Primeiro orgasmo
colado a uma pele lisa
e eu tinha onze anos.
A custo abandonei
o acesso de divindade”.
Ainda que a culpa — são dois mil anos de cristia-
nismo desfigurado pelo dualismo platônico — esteja pre-
sente.
Puno-me ainda
por ter sido um deus
por seis segundos”.

       Num outro momento, Regis impera todos os desertos
das metafísicas, os desertos das idéias abstratas.
“antes do pensamento vem o sangue
a coxa macia e o pão que exorciza
vem a erva do mundo o quente das bocas
antes do pensamento”.
Também está presente na pessoa do Regis, a cons-
ciência da tragédia da nossa condição:
“Coisa de homens. No entanto
somos bichos acuados
ou nem bichos — somos sombras
de história em um mundo morto”.
Mas isso não acaba com as possibilidade da existên—
cia — a vida é mais forte — e da expressão. A força, a
intensidade deste auto-retrato-resistência.
“mas não há força que invente
meu não-ser, enquanto eu for.
Preciso saber de mim
meu não-ser, enquanto eu for.
Preciso saber  de mim
e me dizer as palavras.
Nem significa fechar-se às correntes que fabricam e
anunciam a vida futura:
       “as andorinha de domingo
agitam minha janela
e seguem para o futuro”.
          Mesmo que a solidão nos marque para sempre
Como neste fragmento:
“conquisto minha janela
com a dignidade lenta dos navios.
E a solidão espreita no tinteiro”.
Neste outro fragmento, uma das revelações mais intensas, mais encantadas, do escondido, do não-faldo,
Minha janela escancarada
no prodígio de mostrar o mundo
em formas
cores
esconde em sons
o além do além, onde guardei
todos os meus amores.
O tema da fragilidade do poema, num fragmento que me acompanha desde o lançamento do primeiro livro
de Regis, Cotidiano, aqui mesmo nesta Faculdade faz
quase treze anos.
“É pouco o que de precisão
para enterrar uma cantiga:
uma vala na pele do mundo”.
É a necessidade de transforma a Terra. Libertar
a vida. Utopia necessária — e possível. Luta que vai
amadurecendo, cada dia:
“E sem nada apressar
nos aprontamos para o dia escolhido
em que traremos os braços dos patrões pro alto
(nem que custe um pedaço dos nossos filhos)”.
Na verdade, todos esses fragmentos me parecem textos inteiros. Com vida própria, E em seu último livros,
O Caminho dos Ventos, Regis assume diretamente a
atitude de escrever poemas curtos, condensados, quase
haicais. Apresenta uma série de treze textos, chamada
“Fragment/Ária”.
“Cá desta poltrona
seguro a noite pelos punhos
quando a insônia me dá vida
para cinco vida. Há — dize —
os que morrem de abalos pestes acidentes,
e os que morrem
de tanto viver”.
Ao mesmo tempo que mantém a liberdade — necessá-
ria  de escrever poemas longos, e até mesmo discursos, parece-me que Regis está iniciando, com os fragmentos, uma outra idade em sua produção poética — agora mais
forte, mais simples, mais madura. É o que espero, como
leitor, como amigo e companheiro de viagem de sua poesia.
Lorena, Cachoeira, agosto de 1983.
                  
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VEJA E LEIA outros poetas de MINAS GERAIS, em nosso Portal:
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Página publicada em novembro de 2023


 

 

 
 
 
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